sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Consumo de leite por vegetarianos



por Flávio Oliveira

Abster-se do ato de tomar leite para um vegetariano pode ser tão difícil quanto à abstenção das carnes para um onívoro.

Para um onívoro imaginar sua rotina alimentar sem as carnes, parece um grande sacrifício, seja pela sua adaptação ao paladar das carnes, seja pela facilidade de acesso a alimentos a base de carnes, seja porque sua roda social é onívora e se confraternizam ao redor das carnes, seja por tradições culturais e ou religiosas, etc.

Para um vegetariano também é difícil imaginar a transição ao veganismo, muitas vezes por fatores semelhantes aos dos onívoros.

Logo, podemos e devemos entender a dificuldade de alguns vegetarianos em iniciarem a transição ao veganismo, porém o que não podemos confundir é a atitude de tomar leite com uma “opção individual”, assim como a maioria dos onívoros faz em relação ao ato de comer carnes.

Acima de tudo o debate acerca do consumo de leite é um debate ético, que diz respeito à questão do abolicionismo animal e do direito animal.

Assim como é contraditória a situação de ambientalistas que continuam a serem onívoros, mesmo após estarem cientes dos impactos ambientais provocados pela produção de carne animal para a alimentação humana, pior é quando também estão cientes da desnecessidade das carnes para a nutrição e para plena saúde humana, sem falar que já é do senso comum o conhecimento da crueldade e do sofrimento impostos aos animais antes e durante o abate para alimentação humana.

Vegetarianismo = Ambientalismo da boca pra dentro.

Da mesma forma é contraditória a situação dos abolicionistas animais, que não estabelecem ou iniciam um plano de transição ao veganismo, mesmo após estarem cientes que a produção de leite para o consumo humano é mais cruel para as “vacas leiteiras” que para os chamados “bois de corte”.

Mesmo que no final os dois tenham o mesmo destino, o abatedouro, os bois, apesar de todos os maus tratos, ainda vivenciam um ensaio de liberdade nos pastos da Amazônia desmatada.

Já as vacas, vivem enclausuradas em ambientes artificiais que são verdadeiros focos de vírus e bactérias em constantes mutações, são mães que na maioria dos sistemas de produção nunca verão seus filhotes, que virarão “baby bife”, suas tetas são sugadas por máquinas de ordenhas e junto com o leite, literalmente, também são sugadas as vidas desses seres, pois uma vaca em condições e ambiente natural produziria até 10 litros de leite/dia e viveria em média até 20 anos, nas condições impostas a elas chegam a produzir 60 litros de leite/dia e chegam a viver apenas até 6 anos.

Veganismo = Abolicionismo da boca pra dentro.


por Flávio Oliveira (Ativista do VEM)